segunda-feira, 29 de novembro de 2010

a solidão e sua porta

Para mim este poema do pernambucano Carlos Pena Filho, que sei de cor há bem uns 50 anos, devia ser um quadrinho na sala de espera de todos os terapeutas deste país. Aí vai:

A Solidão e Sua Porta

(de Carlos Pena Filho)

Quando mais nada resistir que valha
A pena de viver e a dor de amar
E quando nada mais interessar
(Nem o torpor do sono que se espalha)

Quando pelo desuso da navalha
A barba livremente caminhar
E até Deus em silêncio se afastar
Deixando-te sozinho na batalha

A arquitetar na sombra a despedida
Deste mundo que te foi contraditório
Lembra-te que afinal te resta a vida

Com tudo que é insolvente e provisório
E de que ainda tens uma saída
Entrar no acaso e amar o transitório

2 comentários:

  1. Carlos Pena Filho é dos grandes poetas brasileiros em que não se fala muito.Que bom encontrá-lo aqui.De vez em quando dou uma olhada no "Livro Geral", dá vontade de sair mostrando...

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