1954. Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Eu, o Bento e o Diniz tínhamos 14 anos. Estudávamos de manhã no Mello e Souza, na Rua Xavier da Silveira. A aula tinha acabado de acabar, devia ser meio dia. O Bento estava me levando para minha primeira trepada e o Diniz, que já tinha trepado com a Berkel, ia junto de testemunha.
O Bento, mais conhecido como O Peru Galinha, era um cara legal que me dava aula de bolina em dia de cinema cheio no Roxy, também na Avenida Copacabana. O negócio era meio arriscado, mas se eu tivesse sangue frio podia me dar bem, com o cinema bem cheio muitas garotas não queriam se arriscar a procurar lugar na sala escura (pedir ajuda ao lanterninha era mico) e assistiam o filme de pé, encostadas na mureta do fundo da sala.
A primeira parte da aula era percorrer o fundo do cinema até encontrar uma garota jeitosa vendo o filme encostada no balcão. A segunda parte era ir me chegando como quem não quer nada, para me posicionar bem perto da retaguarda da garota e assistir o filme dali, numa proximidade que dava emoção, mas não estabelecia o almejado contato físico.
A terceira parte da aula era a a mais crítica, podendo até dar confusão se a garota fosse puritana ou estivesse acompanhada por alguma atenta tia, mãe ou prima mais velha, os casos mais comuns. Nesta fase meu sangue já estava fervendo, uma contradição porque para o próximo passo eu precisaria de muito sangue frio. Teria de fazer de conta que, atrás de mim na sala cheia, algum idiota forçando a barra para ver o filme mais de perto estava me empurrando contra a retaguarda da garota.
O segredo era dar uma primeira encostada relutante e me afastar, reclamando do tal cara que estava me empurrando por trás. Como o dito cujo para todos os efeitos continuava querendo chegar mais perto da mureta, na próxima fase eu não conseguia resistir à pressão e era obrigado a me encostar de novo na garota, desta vez pedindo desculpa e reclamando que um mal-educado estava me empurrando por detrás.
O Bento, mais conhecido como O Peru Galinha, era um cara legal que me dava aula de bolina em dia de cinema cheio no Roxy, também na Avenida Copacabana. O negócio era meio arriscado, mas se eu tivesse sangue frio podia me dar bem, com o cinema bem cheio muitas garotas não queriam se arriscar a procurar lugar na sala escura (pedir ajuda ao lanterninha era mico) e assistiam o filme de pé, encostadas na mureta do fundo da sala.
A primeira parte da aula era percorrer o fundo do cinema até encontrar uma garota jeitosa vendo o filme encostada no balcão. A segunda parte era ir me chegando como quem não quer nada, para me posicionar bem perto da retaguarda da garota e assistir o filme dali, numa proximidade que dava emoção, mas não estabelecia o almejado contato físico.
A terceira parte da aula era a a mais crítica, podendo até dar confusão se a garota fosse puritana ou estivesse acompanhada por alguma atenta tia, mãe ou prima mais velha, os casos mais comuns. Nesta fase meu sangue já estava fervendo, uma contradição porque para o próximo passo eu precisaria de muito sangue frio. Teria de fazer de conta que, atrás de mim na sala cheia, algum idiota forçando a barra para ver o filme mais de perto estava me empurrando contra a retaguarda da garota.
O segredo era dar uma primeira encostada relutante e me afastar, reclamando do tal cara que estava me empurrando por trás. Como o dito cujo para todos os efeitos continuava querendo chegar mais perto da mureta, na próxima fase eu não conseguia resistir à pressão e era obrigado a me encostar de novo na garota, desta vez pedindo desculpa e reclamando que um mal-educado estava me empurrando por detrás.
Se a garota não reclamasse nem saísse de banda era hora de iniciar um sutil roça-roça. Neste momento único que era meu objetivo supremo eu tinha que estar preparado para uma de duas coisas que, segundo meu mestre, iriam fatalmente acontecer. Se a garota desse um chilique ou dissesse alguma grossura eu teria que sair de fininho, reclamando do cara que tinha me empurrado por trás e me forçado a um contato vergonhoso.
Neste caso a garota raramente alimentava o barraco e eu simplesmente precisava me afastar para, com o constante monitoramento do mestre, encontrar outro alvo. Mas o coroamento da aula era quando a situação se encaminhava para a segunda hipótese. A garota gostava mesmo se acompanhada da tal amiga, mãe ou tia e me deixava ficar encostado na traseira dela, até ficar aflita com a safadeza, tirar o traseiro da reta e murmurar entredentes: "vê se não empurra."
A situação nunca progredia além desse estágio, pois o mestre já havia me ensinado a etiqueta destas situações. O limite permitido era me encostar e ficar por algum tempo, sem qualquer movimento além daquele, porque nem eu ia querer levar um flagra do lanterninha e ser chamado de tarado, nem a garota ia querer levar o flagra para ser chamada de galinha.
Isto dito dá para imaginar minha excitação naquela jornada pela Avenida Nossa Senhora de Copacabana, rumo ao meu primeiro encontro sexual de verdade. Faltava muito pouco para o consagrador momento de trepar na Berkel, segundo meu mestre uma alemãzinha depravada que tinha acabado de chegar do Sul, adorava meninos como eu e por isso cobrava baratinho, dez pratas, que eu havia juntado dispensando duas ou três vezes meu lanche semanal de Cachorro Quente com Vaca Preta nas Lojas Americanas e guardando o dinheiro que recebia da minha mãe para este evento tradicional.
A caminho da Berkel, que haviam me dito que morava sozinha num apartamento no Posto 6, o Bento explicou que numa trepada o sujeito não podia perder mais que quatro quilos e que era perigoso não se pesar antes, porque se perdesse mais que isso poderia precisar de cuidados médicos para se recuperar. Foi assim que, acompanhado do Bento e do Diniz, entrei para me pesar na Farmácia Noite e Dia, ali na esquina da Miguel Lemos.
Os dois me mostraram a balança e, muito sérios, ordenaram que eu me pesasse ou então não assumiriam o risco de me levar na Berkel. Eu estava achando aquilo uma palhaçada, mas como era enorme minha ansiedade de encontrar a alemãzinha sacana, não pensei duas vezes e subi com os dois pés na balança, por sinal um modelo novo que eu não conhecia.
Depois de ver meu peso marcado pelo ponteirinho no mostrador eu estava quase descendo da balança quando meu professor de sacanagem insistiu: "Já? Fica mais um pouco. Trepa mais na Berkel." Foi então que eu vi, numa plaquinha ao lado do mostrador, a marca da balança alemã moderninha: Berkel. O Diniz teve um ataque descontrolado de riso, mas o Bento só apertou minha mão e me cumprimentou por enfim ter me iniciado sexualmente.
Só não me enterrei imediatamente no chão da farmácia por falta de equipamento necessário para abrir uma cova do tamanho do meu vexame. O Peru Galinha ficou na dele, bons mestres não dão moleza, mas o Diniz aliviou a barra contando que tinha trepado na Berkel no dia anterior, que a próxima vítima ia ser o Gilson e me convidou para ir junto para também tirar sarro com ele.
Foi assim que toda uma geração de alunos do Colégio Mello e Souza se iniciou sexualmente. Com aquela alemãzinha safada, a Berkel, na farmácia Noite e Dia, esquina da Miguel Lemos com a Nossa Senhora de Copacabana.
Só não me enterrei imediatamente no chão da farmácia por falta de equipamento necessário para abrir uma cova do tamanho do meu vexame. O Peru Galinha ficou na dele, bons mestres não dão moleza, mas o Diniz aliviou a barra contando que tinha trepado na Berkel no dia anterior, que a próxima vítima ia ser o Gilson e me convidou para ir junto para também tirar sarro com ele.
Foi assim que toda uma geração de alunos do Colégio Mello e Souza se iniciou sexualmente. Com aquela alemãzinha safada, a Berkel, na farmácia Noite e Dia, esquina da Miguel Lemos com a Nossa Senhora de Copacabana.
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